Qualidade de vida e saúde: um estudo sobre a mortalidade infantil em Porto Velho, Rondônia, Brasil

Abstract

O objetivo principal do estudo foi analisar a relação entre os recursos de compensação do complexo hidrelétrico do rio Madeira, destinados à saúde e o perfil da mortalidade infantil no período de 2008 a 2015, bem como identificar os setores da saúde onde houve maior aplicabilidade de recursos advindos de compensação financeira; descrever o perfil epidemiológico da mortalidade infantil e neonatal em Porto Velho no período de 2008 a 2015 e mapear os padrões de comportamento da mortalidade infantil neonatal em Porto Velho, por meio de distribuição espacial. Para tal, realizou-se um estudo ecológico, analítico, de caráter quantitativo, capaz de testar a hipótese elencada, apresentar o perfil epidemiológico da mortalidade infantil e avaliar a efetividade das intervenções no setor saúde versus desenvolvimento local do município. A fonte de dados utilizada foi secundária, oriundos prioritariamente dos bancos de dados SINASC e SIM da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (AGEVISA-SESAU-RO) e dos relatórios de gestão municipal da saúde de Porto Velho (SEMUSAPV). Os dados foram coletados por meio de um instrumento validado, adaptado, conhecido como modelo teórico hierárquico (Mosley e Chen, 1984). O banco de entrada de dados foi criado na versão 22,0 (SPSS®). Para o tratamento dos dados, realizou-se análises estatísticas descritiva como proporções, médias, desvio padrão e separatrizes com respectivos níveis de confiança de 5% para os parâmetros de interesse. Foram utilizados testes do Qui-Quadrado e foram estimados intervalos de confiança (95%) das TMI e TMIN no período definido e de risco relativo (RR). Os resultados mostram que a coorte de nascidos vivos em Porto Velho no período de 2008 a 2015 foi de 65.967 nascidos vivos, de mães residentes na cidade de Porto Velho. 1.002 evoluíram para óbito antes de completar um ano de vida. O número de óbitos no período neonatal foi de 662 óbitos, sendo que destes, 482 evoluíram para o óbito antes dos 7 dias de vida. Dentre as principais causas encontrou-se as Septicemias Bacterianas e predomínio de mortes evitáveis de nascidos vivos do sexo masculino, sendo que a proporção de NV com baixo peso ao nascer foi 25,5%. O parto operatório foi responsável por 41,2% dos nascimentos. Neste estudo identificou-se a existência de associações entre: a) a associação entre morte infantil com a idade da mãe; b) a associação entre a morte infantil e o tipo de gestação da mãe; c) a associação entre a morte infantil e o tipo de parto; d) a associação entre a morte infantil e o peso ao nascer. 191 (47,6%) dos recém-nascidos eram folhos de mães residentes em bairros da zona leste da cidade de Porto Velho, sem cobertura da Estratégia Saúde da Família. No componente neonatal precoce, 50,9% dos óbitos foram por causas evitáveis. Os resultados evidenciam uma forte relação entre a má aplicabilidade dos recursos financeiros de compensação das UHE do complexo rio Madeira com as mortes infantis, em especial a neonatal, na cidade de Porto Velho. Os resultados apontam para a necessidade de a gestão da saúde local atuar na melhoria da qualidade dos serviços de atenção à saúde disponível na cidade, tanto na atenção pré-natal e obstétrica quanto na neonatal.