Concepções dos terapeutas ocupacionais sobre os distúrbios de aprendizagem

Abstract

A medicalização da Educação tem sido tema de pesquisas no campo da Psicologia e da Educação, com ênfase em dados coletados junto aos professores, psicólogos, médicos, orientadores educacionais e gestores. A presente pesquisa, realizada com Terapeutas Ocupacionais, objetivou analisar a compreensão destes profissionais sobre os distúrbios de aprendizagem, tendo como aporte teórico a Psicologia Escolar Crítica. Utilizou-se como abordagem metodológica do estudo, a pesquisa qualitativa descritiva, o instrumento para a coleta de dados foi a entrevista semiestruturada gravada em áudio. Participaram da pesquisa quatro terapeutas ocupacionais que atuam diretamente atendendo e/ou avaliando crianças e adolescentes a elas encaminhadas, com diagnóstico de distúrbio de aprendizagem da região Metropolitana da Grande Vitória no estado do Espírito Santo. Na análise dos dados é possível perceber que o tema distúrbio de aprendizagem surge para as profissionais quando iniciam o exercício de sua prática profissional. Relataram que este tema foi abordado de maneira superficial durante sua formação inicial. Apontam que os encaminhamentos estão sendo realizados para se obter o controle sobre os educandos, posicionando-se contrárias a esta prática que contribui para a medicalização da Educação. Algumas das entrevistadas buscam manter diálogo com os atores escolares a respeito dos alunos com dificuldades de aprendizagem a elas encaminhadas, mas sentem dificuldades nesta parceria. Destaca-se à importância de discussões sobre o tema aqui estudado na área da Terapia Ocupacional com relação à Educação, pois, como visto, a profissão tem ainda grande influência na formação de suas correntes teóricas iniciais do campo biológico. Verificou-se que é necessário maior destaque para a compreensão dos fatores sociais, econômicos e políticos, fatores que interferem no processo de ensino e aprendizagem e contribuem para a medicalização da Educação.