A formação inicial dos licenciandos em matemática para atuação com alunos surdos: contribuições do Curso de Matemática da UNIR campus de Ji-Paraná

Abstract

O direito à educação como direito público subjetivo está assegurado em diversos dispositivos legais, dentre esses, a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional nº 9.9394/1996. A interpretação dessa legislação permite o entendimento de que o acesso à educação deve incluir a diversidade de pessoas e, nessa perspectiva, os alunos surdos. A partir dessa compreensão, a questão problematizadora que orientou este estudo foi: Como o Curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), campus de Ji-Paraná contribui para que os egressos possam atuar junto aos alunos surdos? Pertinente a esta indagação o objetivo geral consistiu em analisar o entendimento dos professores do curso de Licenciatura em Matemática da UNIR, campus de Ji-Paraná, quanto à contribuição do referido Curso para que os egressos possam atuar junto aos alunos surdos. No que concerne ao aspecto metodológico, esta pesquisa é de abordagem qualitativa do tipo exploratória-descritiva, realizada no período de Fevereiro a Junho de 2020. Os dados foram obtidos por meio de um questionário com questões fechadas/abertas, uma entrevista semiestruturada e por meio do documento ‘Projeto Pedagógico do Curso – PPC’. A população e a amostra correspondem a seis professores do Curso de Licenciatura de Matemática da UNIR - Campus de Ji-Paraná. Os dados foram tratados com o auxílio da análise documental e da análise de conteúdo sendo organizados em quatro Categorias de Análise, criadas a priori e em consonância com as questões levantadas na investigação, a saber: Categoria I - Educação inclusiva; Categoria II- Contribuições da Licenciatura de Matemática para que os egressos possam atuar junto aos alunos surdos; Categoria III - Desafios do professor formador do curso de Licenciatura de Matemática; Categoria IV- Ações/disciplinas necessárias para a construção de um currículo na perspectiva da inclusão. Os resultados apontam convergência quanto à concepção de inclusão. Sobre as contribuições do Curso há oferta de disciplinas que abordam a questão da inclusão, mas a abordagem de tais disciplinas não centraliza apenas na questão do aluno surdo. Quanto aos desafios, fica evidenciado que os professores não receberam formação para atender às especificidades da educação inclusiva, o que requer um quadro de profissionais que colaborativamente possa propor encaminhamentos e soluções ao processo de aprendizagem do aluno surdo. No que concerne às ações/ disciplinas, estas se concentram em sugestões relacionadas à inserção de disciplinas específicas, o que denota a necessidade de uma reformulação no currículo do Curso e, consequentemente, do PPC. Além disso, são sugeridos debates no âmbito do Curso e levantamento de necessidades junto aos egressos que atuam na Educação Básica e a oferta de formação continuada, no caso, uma especialização. Conclui-se mediante tais resultados que para tornar realidade a educação inclusiva há um longo caminho a ser percorrido e, para tanto, intervenções precisam ocorrer em diferentes âmbitos, em especial, no tocante às relações institucionais e mudanças pedagógicas o que perpassa pela vontade política de governantes e instituições formadoras e pela mobilização da sociedade civil.