O brincar e sua contribuição ao processo de alfabetização de crianças: a relação do sentido do movimento corpóreo com a aprendizagem da escrita e da leitura

Abstract

Esta pesquisa tem como objetivo de estudo analisar se as brincadeiras e as atividades de movimentos estão presentes no cotidiano escolar de um grupo de crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental. Buscou-se também observar a frequência do brincar e as situações de facilidades e/ou dificuldades vivenciadas por estascrianças no âmbito escolar. O pressuposto que orienta esta investigação concebe que as crianças são sujeito de direitos que desenvolvem identidade pessoal e coletiva por meio do brincar, assim, a escola deve assegurar o acesso destas ao sistema de ensino e propiciar situações favoráveis para garantir o aprendizado de forma prazerosa. A pesquisa foi realizada durante os meses de novembro e dezembro de 2022, em uma Escola Estadual de Ensino Fundamental localizada no município de Ji-Paraná, no Estado de Rondônia. Contou com a participação de treze crianças do primeiro ano da alfabetização, dois professores e quatro mães. A fundamentação teórica é pautada em documentos legais que regem a educação no Brasil, sendo: a Constituição Federal de 1988 (CF/88), o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Lei de Diretrizese Bases da Educação (LDB), as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCNs), oPlano Nacional de Educação (PNE) e a Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Os autores que deram suporte teórico para o brincar como linguagem promotora de aprendizagem foram: Vigotski (2008; 2018), Soares (2020), Mrech (2021), Kishimoto (2021), bem como as contribuições dos documentos legais da educação brasileira. A discussão sobre a importância do sentido do movimento foi fundamentada em Yaari (2011), Lameirão (2016), Vigotski (2018), Soares (2020) e Kishimoto (2021). O estudos sobre a alfabetização teve como base as obras de Ferreiro e Teberosky (1999), Ferreiro (2011) e Soares (2021). A pesquisa foi de abordagem qualitativa do tipo etnográfica, utilizando a pesquisa exploratória e envolvendo a pesquisa bibliográfica. Por meio da observação participante e entrevista semiestruturada foi possível realizarmos a identificação dos indicadores para a construção dos Núcleos de Significação e sua análise segundo Aguiar e Ozella (2006). O estudo mostrou que as interações ebrincadeiras estiveram presente na prática docente e foram realizadas por meio de diversos recursos. Dialogando com o referencial teórico, fica claro que tanto o brincar torna o aluno mais participativo durante as aulas quanto o sentido do movimento corpóreo contribui para o processo de construção da escrita e leitura. Os resultados também apontaram que houve uma marcação espacial entre o aprender e o brincar; entre a sala de aula e o pátio; entre os trabalhos docente e a transição da Educação Infantil e Ensino Fundamental. As mães relataram uma sobrecarga de funções exercidas durante o momento em que precisaram auxiliar seu/sua filho/a no período da pandemia; as crianças disseram que suas experiências no primeiro ano da alfabetização possibilitou várias aprendizagens, sendo o brincar entendido por elas como uma fonte de prazer e diversão. Por fim, o estudo identificou que é preciso discutirmos sobre o brincar para aproximação do trabalho docente da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, bem como propor a formação inicial e continuada para professores alfabetizadores à respeito da relação do brincar livre e do movimento como elemento colaborador do processo de alfabetização.