Avaliação in vitro da atividade microbicida dos extratos de Maytenus guyanensis sobre bactérias ATCCs e multirresistentes

Abstract

As bactérias Sthaphylococcus aureus, Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae são patógenos nosocomiais de alta prevalência, responsáveis, principalmente, por infecções em pacientes imunocomprometidos, bem como, apresentam contínuo processo de resistência aos antibióticos de uso clínico. Essa característica está diretamente relacionada ao uso excessivo e inapropriado dessas drogas de amplo espectro em populações bacterianas, principalmente de origem hospitalar. O interesse pelas plantas de uso medicinal tem crescido consideravelmente nos últimos anos, pois estas apresentam uma fonte valiosa de bioativos contra diversos microrganismos, tornando-se potenciais candidatas na indústria farmacêutica. Dentre essas plantas, Maytenus guyanensis se destaca devido sua utilização empírica como anti-inflamatório e antimicrobiano, apesar da segurança farmacológica não estar comprovada. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar in vitro a ação de EEC (extrato etanólico da entrecasca do caule), EHC (Eluato hexânico da entrecasca do caule), EAC (Eluato acetato de etila da entrecasca do caule) e CAC 10 (composto isolado da entrecasca do caule) da espécie M. guyanensis sobre cepas de bactérias ATCCs (29213, 25922 e 700603) e multirresistentes, bem como perfil de citotoxicidade em linhagem de células J774, Hep G2 e VERO. O extrato EEC, os eluatos EHC e EAC e o composto isolado CAC 10 foram diluídos em 1000, 500, 250, 100, 50 e 25 μg/mL em DMSO. A s Cepas de S. aureus, E. coli e K. pneumoniae (ATCCs e Multirresistentes) foram inoculadas em meio líquido TSB e ajustadas à escala de 0,5 McFarland. Posteriormente, as bactérias foram aplicadas sobre as técnicas de disco, poço difusão e concentração inibitória mínima (MIC), sendo o controle negativo, DMSO e controle positivo Imipenem. O teste de citotoxicidade foi realizado em células J774, Hep G2 e VERO em concentrações 1000, 500, 250, 125, 62,2, 31,2 e 15,6 μg/mL pela técnica colorimétrica MTT, sendo a densidade óptica mensurada em leitor de microplacas (Bio-Tek, Elx800) a 570nm. O extrato EEC, os eluatos EHC e EAC, e o isolado CAC 10 da espécie M. guyanensis apresentaram ação microbicida sobre bactérias E. coli e S. aureus (ATCCs e Multirresistentes), quando avaliadas pelas técnicas semi-quantitativa de poço e disco difusão nas concentrações de 500 e 1000 μg/mL. Entretanto, não foi observado halo de sensibilidade sobre cepas Klebsiella pneumoniae. O EEC, EHC, EAC e o composto isolado CAC 10 apresentaram na técnica quantitativa de concentração inibitória mínima – MIC, inibição do crescimento bacteriano sobre bactérias S. aures ATCC. Em relação à viabilidade celular, EEC e EAC, apresentaram CC50 de 260,6 e 507,3 μg/mL sobre células J774, respectivamente, linhagem celular VERO, CC50 de 505,3 e ≥ 1000 μg/mL respectivamente e para HepG2, CC50 ≥ 1000 μg/mL. Entretanto, o eluato EHC apresentou ação citotóxica sobre as três linhagens avaliadas. Os resultados indicam sensibilidade sobre S.aureus ATCC 29213 dos bioativos presentes na espécie M. guyanensis, bem como baixa citotoxicidade em diferentes células eucariotas. Todavia, faze - se necessária a realização de novos estudos, avaliando os possíveis mecanismos de ação bactericida e/ou bacteriostático destes bioativos, além da ação sinérgica c o m medicamentos já utilizados na clínica médica.