Linchamentos: estereótipos e representação do sujeito na notícia em Porto Velho

Abstract

Este trabalho tem como tema “Linchamentos e a representação na notícia” e possui o objetivo de investigar o comportamento das mídias digitais na cobertura das notícias sobre linchamentos, a fim de verificar de que forma a notícia possa, direta ou indiretamente, influenciar discursos ou comportamentos sociais. O estudo aborda a estreita relação entre mídia, violência e os possíveis reflexos do consumo de notícia sobre o crime na sociedade, considerando seus impactos no aumento do medo, afastamento social e na modulação de discursos coletivos sobre as formas ou políticas de enfrentamento da violência. Nesse sentido, questiona-se: como a mídia digital através dos jornais eletrônicos têm noticiado os linchamentos em Porto Velho? Assim, buscamos identificar os termos empregados com mais frequência nas notícias para descrever a ação do linchamento, bem como, os adjetivos ou estereótipos mais frequentes para se referir às vítimas de linchamento e às instituições como polícia e justiça, de modo a verificar como elas estão sendo representadas nas notícias. Para viabilizar esta pesquisa, utilizou-se da seguinte metodologia: a) levantamento e revisão bibliográfica visando ao mapeamento do referencial teórico, baseado em uma concepção dialética e no conceito de pesquisa densa de Cliffort Geertz, no qual buscamos decifrar o significado da ação social por meio da narrativa jornalística; b) realização de pesquisas em banco de dados digitais dos jornais eletrônicos selecionados utilizando-se de palavras-chaves; c) e na análise do conteudo das notícias, conforme proposta por Laurence Bardin, analisando o discurso, seu conteúdo e a representação dos sujeitos presente na notícia. Por fim, constatou-se que a forma que algumas notícias da midia local utiliza para noticiar linchamentos assemelha-se ao estilo sensacionalista, e assim, reforçam estereótipos negativos para referir-se àos suspeitos de crimes e que foram vítimas de vítimas de linchamentos públicos, contribuindo de certa forma, para legitimar o linchamento quanto sugerem, de forma indireta, como um acontecimento comparado a uma prisão legal pelo Estado. Reforça-se assim discursos de desumanização de pessoas suspeitas, fomentando o descrédito nas instituições publicas ao noticiá-la de forma “sutilmente” negativa, contribuindo para o aumento do medo, desesperança e sentimento de insegurança coletiva, o que pode refletir no aumento dos linchamentos.