Escolarização e pandemia

Abstract

A dissertação relata uma pesquisa que objetivou compreender como se deu a substituição da educação especial (EE) presencial, na perspectiva inclusiva, firmada em práticas pedagógicas pouco pautadas em recursos tecnológicos pelo ensino remoto emergencial (ERE) no município de Porto Velho-RO. Justificou-se ante à pandemia da covid-19, que impôs à educação escolar mudanças abruptas que afetaram seu modo de organização e funcionamento. Impuseram-se, novos arranjos, abrangendo os alunos público-alvo da EE. Dentre outros aspectos, isso resultou na intensificação do trabalho docente e no uso ímpar das tecnologias digitais de informação comunicação (TDIC). A metodologia, foi sustentada pela Psicologia Histórico-Cultural (PHC), fundamentada no materialismo histórico-dialético (MHD), com investigações bibliográfico-documental e de campo. A primeira consistiu em estudos de documentos originais e textos dos autores clássicos da PHC, levantados em bibliotecas e em sites de busca reconhecidos, como o Portal de Periódico Capes. A segunda ocorreu com professoras/es atuantes na EE inclusiva e atendimento educacional especializado (AEE) da rede municipal de educação de Porto Velho, dos anos iniciais do ensino fundamental I, contando com informações disponibilizadas pela Secretaria Municipal de Educação. Após aprovação no Comitê de Ética da UNIR, 30 docentes foram convidadas/os. Para tanto, ocorreram visitas a 10 escolas, sendo que cinco concordaram em compor a pesquisa. Nestas, com os professores concordantes, houve a aplicação de questionário (modelo Google Forms), a realização de entrevista individual semiestrurada, e de grupo focal. A análise dos dados se deu a partir dos conteúdos produzidos pela investigação bibliográfico-documental e do emprego de critérios e categorias estabelecidos pela Psicologia Histórico-Cultural, a partir das experiências/perspectivas dos docentes no ERE. Os resultados revelam: intensificação do trabalho docente com aumento da extensão e intensidade antes as demandas excessivas no ERE. Embora na EE já empregassem TDIC não tinham formação técnica para demandas excessivas do ERE, compondo à uma dupla carga de trabalho (doméstico e home office). Contraditoriamente, os dispositivos eletrônicos, como celulares e computadores, que permitiram algum modo de atendimento escolar, contribuíram significativamente para que as/os professoras/es trabalhassem mais, tal como nas demais profissões. Contudo, por ser um trabalho não material, e ter que contar consigo mesmo, seus psiquismos, personalidades, suas apropriações e objetivações, naquele momento de exceção o sofrimento impactou nas suas atuações, provocando alterações ou adaptações nas ações. Foi possível apreender o impacto do uso das tecnologias de diversas formas nos discursos das/dos professoras/es, seja na modificação que ela gerou na apropriação dos conteúdos escolares, na relação professor-aluno ou na relação dos/as professoras/es entre si. Conclui-se que os objetivos foram alcançados e a pesquisa pode contribuir para a produção de conhecimentos sobre e EE inclusiva sob o ERE e com emprego das TDIC, contribuindo com mais subsídios à elaboração/implementação de políticas públicas no campo da formação e atuação de professores e demais profissionais que atuam nessa modalidade da EE, além de instrumentalizar os participantes da pesquisa. Já há estudos de empresas big techs que apontam para a subutilização das potencialidades das TDIC, e que precisam estar em consonância com políticas públicas que mirem a emancipação humana.